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Na exposição que hoje é inaugurada na Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, há
várias versões de um poema que, originalmente, levava o título “A Ciência
Suprema” e que terminou como “A Arte dos Versos” – estão expostas sete dessas
doze versões e servem para verificar até onde Eugénio de Andrade levava a
depuração, um certo amor pela exactidão e um rigor obstinado que se mantém até
encontrar o verso ideal, que traduz uma harmonia invisível e indizível, a imagem
que nos transporta até ao outro lado da linguagem. Eugénio de Andrade (1923-
2005), cujo centenário se assinala hoje, foi um dos poetas mais lidos, amados e
imitados do seu tempo. A sua obra justifica-o: fala de uma intensa humanidade das
coisas, de uma busca do paraíso e do lugar onde só o amor é possível. Os seus
primeiros livros transportam uma inocência que nunca regressou e uma chamada
aos sentidos do leitor. Com o tempo, a sua gramática tornou-se mais previsível mas
nunca perdeu o sabor adolescente, nem o desejo de eternidade.
Da coluna diária do CM.
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