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Há uma beleza que não serve apenas para pendurar na fotografia.

por FJV, em 17.01.23

Gina Lollobrigida - Go Naked in the World (1961) - Photographic print for  sale

As jovens atrizes que me perdoem mas há uma beleza que não serve apenas para pendurar na fotografia. Tem palavras e sombras à mistura. Lauren Bacall nunca seria a beleza que foi sem ter humilhado Bogart naquela cena do assobio. Há Grace Kelly a cuidar de Jimmy Stewart, Rita Hayworth a roubar-nos em A Dama de Xangai ou Gilda, Gene Tierney capaz de nos assombrar em Laura, Ingrid Bergman a espalhar a sua melancolia e culpa, Deneuve carregada de dissimulação, a lista seria fatal e incluiria Françoise Hardy – e Gina Lollobrigida (1927-2023), por exemplo, que morreu ontem em Roma, aos 95 anos. Pobre Gina – contracenou com os melhores, de Bogart a Mastroianni, de Steve McQuen a Frank Sinatra ou Rock Hudson, mas cujos filmes, ai de nós, hoje estão justamente esquecidos. Havia nela uma beleza calculada e sensual, que não precisava de amparo coreográfico. Vê-los, hoje, é regressar àquele mundo do pós-guerra, opulento e confiante, não sei se me faço entender. Era essa a felicidade de vê-la no ecrã.

Da coluna diária do CM.

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