Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
As jovens atrizes que me perdoem mas há uma beleza que não serve apenas para pendurar na fotografia. Tem palavras e sombras à mistura. Lauren Bacall nunca seria a beleza que foi sem ter humilhado Bogart naquela cena do assobio. Há Grace Kelly a cuidar de Jimmy Stewart, Rita Hayworth a roubar-nos em A Dama de Xangai ou Gilda, Gene Tierney capaz de nos assombrar em Laura, Ingrid Bergman a espalhar a sua melancolia e culpa, Deneuve carregada de dissimulação, a lista seria fatal e incluiria Françoise Hardy – e Gina Lollobrigida (1927-2023), por exemplo, que morreu ontem em Roma, aos 95 anos. Pobre Gina – contracenou com os melhores, de Bogart a Mastroianni, de Steve McQuen a Frank Sinatra ou Rock Hudson, mas cujos filmes, ai de nós, hoje estão justamente esquecidos. Havia nela uma beleza calculada e sensual, que não precisava de amparo coreográfico. Vê-los, hoje, é regressar àquele mundo do pós-guerra, opulento e confiante, não sei se me faço entender. Era essa a felicidade de vê-la no ecrã.
Da coluna diária do CM.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.