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Ao romance Eusébio Macário (de 1879), Camilo Castelo Branco juntou um subtítulo, “História natural e social de uma família no tempo dos Cabrais”: Eusébio é boticário, viúvo e pai de José Fístula, que se casará com Felícia, amante do padre Justino e irmã de Bento Pereira Montalegre, barão do Rabaçal, que por sua vez casará com Custódia, irmã de Fístula. Parece anedótico, mas um resumo é assim. Estamos no final do século XIX e o assunto – o dinheiro, a ascensão social, os apetites, os negócios políticos e carnais, as trocas de favor, a corrupção generalizada, os baronatos e as câmaras, o mau gosto, a falta de escrúpulos – parece tão vasto que no ano seguinte Camilo lhe publica a continuação, com o sugestivo título A Corja, onde os personagens se sujam mais e se salvam sem castigo. Passado século e meio, recordo as palavras de Tomás da Palma Bravo, protagonista de O Delfim (1968), de José Cardoso Pires: “É o preço. Para haver Jaguars e safaris foi preciso aceitar esta trampa toda.”
Da coluna diária do CM.
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