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O museu Berardo.

por FJV, em 02.01.23

A partir de agora, o Museu Berardo leva o nome de Museu de Arte Contemporânea/CCB, embora a coleção exposta do MAC/CCB continue a ser a Berardo – e os tribunais decidirão se a extinção da Fundação Berardo está ou não conforme. Mas uma coisa é certa: trata-se de uma mudança importante e justificada, que constitui uma reparação do dislate que atribuiu plenos poderes à Fundação Berardo e ao homem que tinha por costume tratar as ministras da Cultura por ‘babes’. Era cómico. Em troca, as ‘babes’ alinhavam na ideia: Berardo era uma figura intocável da cultura portuguesa e qualquer tentativa de a pôr na ordem constituía “um ataque à cultura”, mesmo quando se mostrava a evidência número um: que a coleção tinha sido dada como garantia de empréstimos bancários que não tinham nada a ver com “a cultura”. Quando o Estado anunciou a intenção de proceder a uma avaliação da coleção (cujo futuro já era periclitante), tratava-se de “um ataque à cultura”. Durante anos, o Estado financiou, com milhões, a construção da imagem e da marca Berardo. É a altura de fazer contas.

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Ratzinger.

por FJV, em 02.01.23

Quando o papa Francisco foi eleito, a extrema-esquerda tratou de inventar “ligações” do novo papa Francisco à ditadura argentina, à direita mais cavernícola e à multiplicação de pobres na América Latina. O Bloco de Esquerda praticou esse desporto de tiro-ao-papa com grande compenetração, usando e abusando da mentira (os textos ainda estão no seu site). Sobre o papa Bento XVI não foi preciso esperar pela extrema-esquerda: era lugar comum que, talvez por ser alemão, teólogo, moderado, pouco popular e não dançar no terreiro do populismo, Ratzinger era um nazi dissimulado, e a lista de horrores era atroz. Não sendo católico, sempre tive simpatia por este homem discreto e cultíssimo, um teólogo amável e informado – ele não estava vocacionado para “transformar a igreja”, mas para a fazer regressar a uma autenticidade que os tempos atuais desprezam e tornam impossível. Talvez um dia se perceba como Bento XVI era uma luz indefesa no Vaticano, sitiado entre dois fogos. Há textos seus, notáveis, que transportam esse brilho fora de moda, impopular, iluminando a busca por um Deus que fala.

Da coluna diária do CM.

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