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O balanço do ano com ópera bufa e comédia familiar.

por FJV, em 30.12.22

O balanço do ano devia incluir uma árvore genealógica cujas ramificações dariam conta de como somos poucos em Portugal, e de como “toda a gente” se conhece do colégio ou do bar da faculdade, do picadeiro ou do Algarve, do cabeleireiro ou do baile de debutantes. Eça tentou isso em Os Maias e A Capital, mas o desenho de hoje seria mais cómico, ao nível de Eusébio Macário, de Camilo, que nos legou um retrato jocoso do lamaçal. Alexandre Herculano, que era um homem grave e entufado, parece ter resumido um dos pontos de vista: “Isto dá vontade de a gente morrer.” Discordo. O ambiente é de ópera bufa e comédia familiar onde, como nos livros de Balzac, o dinheiro circula com ligeireza e o poder se negoceia entre vizinhos e conhecidos, porque é esse “o mundo que conta”. Nestes casos, o moralismo é a pior das respostas – melhor o riso para fazer o retrato. O país é pobre e as suas “elites” tratam-no com condescendência e impaciência. Têm o tempo a seu favor. Lembro que, em 2009, com o país pendurado por fios, o povo entregou o poder a Sócrates; não lhe deu a maioria absoluta por um triz.

Da coluna diária do CM.

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