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Um vendaval. Quando me lembro de como era trabalhar com António Mega Ferreira, lembro-me também dessa palavra: vendaval. E de outras: golpe de asa, génio, originalidade – e capacidade de relacionar as coisas que o apaixonaram: a literatura, a música, a pintura, o cinema, os livros, a curiosidade. Do jornalismo à edição, à escrita e à chamada “gestão cultural” (Expo, CCB, Metropolitana), Mega foi um erudito cheio de ironia e felicidade, que sabia entusiasmar e motivar os outros. E na literatura também (tem dois amáveis livros de contos, O Heliventilador de Resende e As Caixas Chinesas). Os seus derradeiros livros são testemunho de outras paixões: pela Itália e por Roma, pela pintura, pela literatura (e por Dante) e pelas palavras da nossa língua. Pessoalmente, devo-lhe o início da minha vida profissional e o gosto pelas pessoas cuja erudição não existe sem ironia e sem humor. António Mega Ferreira era um homem brilhante, um dos melhores da sua geração, que teve todo o poder em Portugal; é uma coisa cada vez mais rara hoje em dia, essa capacidade de imaginar e fazer mudar a realidade.
Da coluna diária do CM.
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