Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Um legado.

por FJV, em 23.12.22

Todos os anos nos interrogamos acerca do significado destes dois dias de celebração, mesmo sem motivos religiosos (as melhores canções de Natal, aliás, foram escritas por judeus). A história mais ortodoxa do Natal manda dizer que se trata do nascimento de Cristo e que ele tanto é o enviado de um Deus antigo e temperamental, como um radical judeu que constestava a ordem estabelecida e quis mudar o mundo numa época em que tudo pedia mudança. Falando por parábolas, Cristo é um ironista que não tem a ver com os impérios da fé nem com as suas prerrogativas mais suspeitas. A verdade é que tanto os Evangelhos canónicos como os Apócrifos não compõem uma narrativa uniforme do nascimento de Jesus (já para não falar da sua idade adulta), assinalado por Lucas e Mateus. Todos os textos, escritos há perto de dois mil anos, narram uma tradição muito anterior – é essa tradição que agora se assinala. Por isso, já devíamos ter aprendido que o Natal de hoje é sobretudo um legado, uma paragem no tempo, um encontro de próximos, uma tradição feliz num mundo espalhafatoso e absurdo. Isso já não é pouco.

Da coluna diária do CM.

Autoria e outros dados (tags, etc)



Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.