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Todos os anos nos interrogamos acerca do significado destes dois dias de celebração, mesmo sem motivos religiosos (as melhores canções de Natal, aliás, foram escritas por judeus). A história mais ortodoxa do Natal manda dizer que se trata do nascimento de Cristo e que ele tanto é o enviado de um Deus antigo e temperamental, como um radical judeu que constestava a ordem estabelecida e quis mudar o mundo numa época em que tudo pedia mudança. Falando por parábolas, Cristo é um ironista que não tem a ver com os impérios da fé nem com as suas prerrogativas mais suspeitas. A verdade é que tanto os Evangelhos canónicos como os Apócrifos não compõem uma narrativa uniforme do nascimento de Jesus (já para não falar da sua idade adulta), assinalado por Lucas e Mateus. Todos os textos, escritos há perto de dois mil anos, narram uma tradição muito anterior – é essa tradição que agora se assinala. Por isso, já devíamos ter aprendido que o Natal de hoje é sobretudo um legado, uma paragem no tempo, um encontro de próximos, uma tradição feliz num mundo espalhafatoso e absurdo. Isso já não é pouco.
Da coluna diária do CM.
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