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Há uma curiosa característica de boa parte do autoritarismo português – é extremamente popular. Os políticos nessa condição interpretam o papel para as multidões de que dependem; ou como uma forma de marialvismo político e gramatical, sempre de gosto duvidoso (“os queques que guincham”, usado pelo primeiro-ministro acerca da IL) – ou como uma distração em que são traídos por uma frase reveladora ou por uma falta de paciência obstinada. Qualquer das hipóteses não é boa para o primeiro-ministro. Não é normal que um político reaja de forma tão disparatada e diga coisas tão despropositadas. Siza Vieira e Sérgio Sousa Pinto mencionaram a ‘hubris’ grega, um misto de desprezo pelos outros e de arrogância que, mais cedo ou mais tarde, serão punidos pelo destino. Seja como for, não é uma forma de comportamento aceitável entre pessoas de bem; pode ter resultados imediatos, porque a multidão tende a festejar quem se comporta à sua medida e à sua imagem. Mas os indivíduos dessa multidão, cada um por si, no seu íntimo, sabem que houve ali uma falha humana perigosa. E talvez não esqueçam.
Da coluna diária do CM.
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