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Há políticos que se dedicaram à escrita – como uma extensão da oratória ou antecâmara do memorialismo e da historiografia, muito embora os nossos parlamentares ou líderes escrevam (e falem) geralmente mal. Foram famosas as férias de Churchill a meio da guerra, para pintar em Marraquexe (era um pintor mediano, mas um bom prosador), ou os desenhos e romances (medianos) de Álvaro Cunhal; mas o desenho ou a fotografia são coisas mais recentes. Acabo de viver uma surpresa absoluta: os maravilhosos desenhos de Sérgio Sousa Pinto reunidos em Fui Tão Feliz com a Minha Thompson (Av. Liberdade Editores): evocam a BD e alguns dos seus heróis – Hugo Pratt e Corto Maltese, claro, mas também o traço mais clássico de Hergé ou de Jacobs, a caricatura portuguesa e franco-belga, o “diário gráfico” de amador melancólico e contemplativo, tingido de erotismo (bastante, e de primeira ordem) ou de ironia, de cowboys e gangsters, de cinema e de literatura. O livro parece reproduzir as imagens ciosamente guardadas num caderno humilde que se guarda na mochila ou no bolso do casaco. São absolutamente notáveis.
Da coluna diária do CM.
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