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Há uns anos, num pequeno aeroporto francês, encontrei um livro (estava há dez meses no top dos livros mais vendidos, coisa que nos há de parecer estranha em Portugal) sobre a vida e obra de Espinosa; mas, mais do que isso, sobre o “milagre” que representaram a sua filosofia e a sua visão do mundo e da natureza. O título era, justamente, O Milagre Espinosa, de Frédéric Lenoir: por um lado, o milagre da razão, por outro o papel conferido às emoções; a conceção de Deus e da Natureza como corpos semelhantes; a noção de que a Bíblia não pode ser lida no seu sentido literal; o papel da alegria, que é o pilar existência que há de encontrar a beatitude. Em 1656, o documento que excomungou Espinosa – que depois usaria o nome Bento em vez de Baruch – na comunidade judaica de Amesterdão foi escrito em português. A família, que frequentava a sinagoga portuguesa (a “Esnoga”) fugira de Portugal, crê-se que da Vidigueira, e estabelecera-se na Holanda, terra de exílio dos sefarditas portugueses; Espinosa nasceu em 1632 – passam hoje 390 anos. Morreu jovem, sofreu muito. Mas a alegria é o seu milagre.
Da coluna diária do CM.
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