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Na verdade, nada disto teria ocorrido se uma pequena onda de sensatez tivesse tocado o Presidente da República antes daquele jogo de futebol. A sua frase, dita durante a flash-interview, entende-se; não é uma barbaridade, não desculpa o Qatar em matéria de direitos humanos, não desvaloriza o assunto – mas, como o próprio reconhece, tudo se precipitou porque foi dita num contexto futebolístico, maculado pela precipitação do momento. Qualquer tentativa de corrigi-la seria ainda mais grave. Porquê? Porque há um contexto de solenidade onde o PR deve atuar; por isso ele “o Presidente”, e não um comentador de assuntos futebolísticos que precisa de ser defendido de si mesmo e dos excessos da euforia televisiva, onde tudo desliza rente aos abismos. O futebol, justamente, é um mundo perigoso e deslizante. Assim, toda a hipocrisia veio à superfície, mesquinha e tolinha – não apenas porque a hipocrisia é como é, cheia de moral dúbia e de falsas virtudes, mas porque o PR, com o seu deslize, lhe abriu as portas num momento de crise. O PR foi autorizado a visitar o Qatar; mas tem de regressar.
Da coluna diária do CM.
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