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As eleições americanas não mudam o aspeto geral do país, que é o território de uma guerra adiada. Às vezes, tento fazer o exercício, porque o experimentei no Brasil, onde o grau de enfrentamento era tão elevado que se tornou impossível duas pessoas de campos opostos – ou apenas diferentes – conversarem sobre o futuro do país. É um pouco o que se passa no Twitter, onde as trincheiras são feridas abertas. O confronto é necessário e desejável; o único lugar onde não há discussão, confronto ou diálogo, na melhor das hipóteses, é no cemitério. Mas o fosso americano – cavado pela indústria das “guerras culturais”, pelo sectarismo dos vândalos e pelo sentimento de insegurança e fragilidade que se vive dos dois lados – transforma os “outros” em potenciais “inimigos”, toda a diferença num pecado escandaloso e a imunidade à tolice num cenário impossível. O caso é que nunca o resultado das eleições americanas (a esta hora, o leitor já conhece parte dos números) foi tão importante para a Europa, até pelas implicações que terão na questão ucraniana, que divide o nosso mundo como um abismo.
Da coluna diária do CM.
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