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Gay Talese, que anda pelos 90 anos e foi contemporâneo de escrita de Tom Wolfe, ou de Gore Vidal e Norman Mailer (quando os americanos não escreviam como pregadores nem como queixinhas), declarou o essencial, na sequência da vitória eleitoral de Trump, em 2016: “Todo o dia a merda do Trump. Agora, os jornalistas vêm da mesma classe que o pessoal do mundo financeiro ou político. Vão às mesmas universidades e os seus filhos aprendem a nadar na mesma piscina. Por isso não prestaram atenção à gente que votou em Trump, porque não se misturam com eles.” Trump é ignóbil? É. Almoçaríamos com ele? Não. Ao reler os jornais da época, vejo que a imprensa portuguesa atribuiu a vitória de Trump aos grunhos, porcos, brancos analfabetos, negros sem educação, latinos dos gangues (isto é tudo citação), pessoas do Alasca e acho que búfalos do Arizona. Parte disso é verdade, mas hoje há eleições intercalares nos EUA e o discurso é o mesmo: segundo os correspondentes e comentaristas, é o combate letal entre o fascismo e a democracia. Antes, a imprensa explicava as coisas – agora, prega no meio do ruído.
Da coluna diária do CM.
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