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Com vinte e poucos anos, militância juvenil no MUD, Mário Mendes Moura (1924-2022) partiu de Lisboa com um passaporte arrancado a ferros, fez escala em Cabo Verde, chegou à Venezuela e, para fazer alguma receita, vendeu o seu sobretudo no porto de La Guaira. O dinheiro de bolso chegou à justa para tomar um táxi até Caracas e para a primeira refeição na capital venezuelana. Depois disso, fez um pouco de tudo: mobiliário, doçaria e de venda de roupa, fabricante de perfumes e agências de viagem – e edição, finalmente, numa vida que passou pelo meio mundo de então (Canadá, Inglaterra, Espanha, por aí fora). Editor de livros no Brasil (era irmão de dois outros editores que deixaram marca na Livros Horizonte e na Prelo), onde fundou várias casas e vendeu milhões de exemplares até regressar a Portugal nos anos 80. Tinha saudades. Fundou várias editoras (a mais famosa delas, a Pergaminho, mas também a Arte Plural e a 4Estações). Na Poeira do Tempo, o seu livro de memórias, foi publicado no ano passado. O grande Mário morreu agora, com 98 anos. Teve uma vida maravilhosa. Ninguém lha rouba.
Da coluna diária do CM.
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