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A grande arte é saber envelhecer – e aceitar a idade. Há páginas maravilhosas de Séneca (4 a.C-65 d.C.) e de Montaigne (1533-1592) sobre o assunto. “Qualquer que seja a duração de nossa vida, ela é completa”, escrevia Montaigne nos seus Ensaios. “Os anos que vão declinando estão entre os mais doces da vida de um homem”, dizia Séneca. É a grande arte. Penso nisso diante dos gestos de Cristiano Ronaldo – o que pode ser abusivo da minha parte, porque CR7 é jovem pelos padrões habituais. Mas há no género humano uma tendência pouco nobre para a ingratidão quando se lhe colocam os desafios da idade, ao não compreender que a envelhecer, como escrevia Séneca a Lucílio, é entrar numa idade cansada, não numa idade arruinada. No caso de CR7, desaparece com a ingratidão toda a aura de um herói público que não sabe retirar-se, o que é uma pena. Mesmo Cícero (106-43 a.C), que era vaidoso e arrogante, e tinha sido um homem poderoso, recua quando se dá conta de que a idade o deixa amargo – e reconsidera: pelo menos tinha vivido. Não reconhecer isto é triste; dá pena ver a ingratidão de um anjo caído.
Da coluna diária do CM.
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