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Esqueço a minha embirração com o artista britânico Damien Hirst, que há 15 anos vendeu uma das suas peças por cem milhões de dólares – um crânio coberto com cerca de 8 mil diamantes. A mais-valia eram a assinatura de Damien Hirst, a margem de comercialização dos diamantes e o valor não mensurável do objeto de arte. Bom negócio, cem milhões. Algumas das suas peças anteriores eram animais cortados mergulhados em formol – e ultimamente dedicou-se a “produzir” pinturas com pontos, do tamanho de pequenos confetis, coloridos aleatoriamente. Cerca de 10 mil. Esta semana decidiu queimar os seus originais em papel e substituí-los por cópias digitais, cada uma avaliada em cerca de 2 mil euros, o que totaliza 20 milhões de euros – todos NFT, “bens digitais únicos”. Podemos fazer um ‘screenshot’ no computador, mas não são “certificados”. É todo um outro patamar do negócio da arte; mais do que isso, a confirmação de que o futuro é cada vez mais frágil, digitalizado, guardado “na nuvem”. Nada contra. Somos cópias de cópias. A autenticidade é um simulacro que teremos de procurar nas coisas antigas.
Da coluna diária do CM.
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