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Os abusos sexuais na igreja católica.

por FJV, em 12.10.22

Há duas maneiras de ler a estranha reação do Presidente da República às revelações sobre os abusos sexuais na igreja católica. A primeira, mais rigorosa, apreciaria as contradições do PR ao contactar figuras do episcopado, informando-as sobre inquéritos judiciais em curso. Noutro país, isto seria uma ilegalidade muito grave; entre nós, devia sê-lo. A segunda diria que o Presidente, católico e figura próxima da igreja, tentava minimizar o impacto dessas revelações e “proteger a fortaleza”, em nome “de um valor maior”. É uma péssima fotografia, porque o coloca ao lado dos poderosos e abusadores – e, sobretudo, contra as vítimas, cujo número o PR ontem desvalorizou de forma inaceitável, incompreensível e pouco avisada. Acontece que, para um católico, sobretudo depois dos dislates cometidos pelo bispo do Porto, é necessário tirar lições. A questão não está na relevância ou irrelevância dos números – mas na sua existência. E um Presidente é presidente de todos os portugueses. No jogo entre poderosos, abusadores e desprotegidos, ele deve estar no lugar que se lhe exige. Ou então não.

Da coluna diária do CM.

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