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Passaram uma década a insultar-nos com a ideia de que, sem “uma companhia aérea de bandeira” não só perderíamos o negócio dos ares como, também, ficaríamos amputados de uma parte fundamental da nossa identidade. Sem a TAP seríamos um rebanho de beduínos perdidos no deserto europeu. Sem a TAP seríamos bárbaros que abandonam os emigrantes e as regiões autónomas. Com a TAP entraríamos no paraíso e salvaríamos a língua portuguesa, ai dela, que roncaria nos motores dos aviões, espalhando a fé e lembrando das caravelas. Ao fim de uma década e 5 mil milhões de euros, os heróis que nacionalizaram a TAP anunciam, no parlamento, que a TAP é para ser vendida e privatizada, “tal como estava previsto”. Se isto não é descaramento, a TAP é uma passarola, com a desvantagem de nos ficar mais cara, de ser interminável o seu folhetim, e de ser mais uma amostra de como é sempre fácil invocar a “identidade nacional” para proteger as maiores tolices e as opções políticas mais desastrosas. Estou a ser moderado. Samuel Johnson (1709-1784) diria, como disse, que o patriotismo é o último refúgio de um canalha.
Da coluna diária do CM.
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