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Este fim-de-semana, no Folio – o festival literário que decorre em Óbidos – Mia Couto pode ter dado um passo fundamental para abordar a questão do passado português em África, ao sugerir a criação de um “museu da colonização”, pensado e criado em conjunto “por portugueses e africanos e que fosse um museu para construir memórias comuns”. Mia, que tem o dom de uma sensatez tranquila, acha que não se trata de reabrir feridas do passado – “seria mais terapêutico do que pedidos de desculpas”. Completamente de acordo. Lisboa é hoje uma cidade com uma marca africana tão relevante que é impossível pensá-la sem a comunidade de emigrantes de primeira e segunda geração que fazem de nós um país cada vez mais (felizmente) carregado de memórias comuns. Falamos de dar visibilidade aos africanos, que devem estar mais na política ou na televisão, como estão também no futebol ou nas artes; mas falamos também de dar visibilidade a uma herança comum, uma genealogia partilhada entre erros, omissões, violência, reencontro e palavras. Este é o caminho para evitar os guetos e tornar visível a memória.
Da coluna diária do CM.
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