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Talvez nunca perdoe a Émile Zola (1840-1902) eu ter lido primeiro o seu La Faute de l’abbé Mouret (O Pecado do padre Mouret) e só depois O Crime do Padre Amaro, de Eça – mas na altura líamos bastante francês e o livro tinha um certo picante. Ambos datam de 1875, têm títulos semelhantes e histórias idênticas. Afastada a hipótese de plágio, é uma vitória de Eça em todo o terreno, porque o Padre Amaro é muito melhor. Mas, 120 anos depois da morte de Zola, que passam hoje, reconheçamos que Zola foi um dos nomes mais marcantes da literatura ocidental. Nas estantes da adolescência, os seus livros (Thérèse Raquin, Germinal, Nana, A Taberna, A Besta Humana) eram uma referência constante. A defesa de Alfred Dreyfus num caso de anti-semitismo, de que resultaria o seu libelo J’Accuse!, transformou a história da vida intelectual moderna – até hoje. Não era um escritor brilhante; na comparação, Eça era um artista, Zola um repórter carregado de trabalho e boas intenções, cujos livros fazem parte da história e são testemunho dela. Talvez isso não seja suficiente, mas é bastante.
Da coluna diária do CM.
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