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O Ocidente, o nosso lugar no mundo, é uma tradição de liberdade, de solidariedade e de cultura que atravessa os séculos e produziu génios que perseguiram um ideal de beleza (Shakespeare, Cervantes, Kafka, Espinosa, Vasco da Gama, Bach, Velázquez, Mozart), lançou as bases de uma sociedade em que a porta da prosperidade deve ser aberta a todos, permitiu a discussão livre de ideias, extinguiu o autoritarismo e permitiu que cada indivíduo procure os meios de obter a sua “felicidade”, reformando a linguagem das religiões e libertando às minorias. Não são bens ou valores adquiridos; precisam ser defendidos e exigem sacrifícios. A decadência da Europa tem, no entanto, a ver com a sua prosperidade, com o modo como é egoísta e trai os seus valores ou abdica deles. A guerra na Ucrânia é também a guerra da Europa contra a barbárie e o imperialismo. Custa a crer como parte dos europeus, a acreditar nas últimas sondagens, preferem ceder parte da Ucrânia a enfrentar a agressão e o autoritarismo russos, desde que não seja nas suas cidades e nos seus jardins. Eis a Europa doente de si mesma.
Da coluna diária do CM.
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