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O declínio do império.

por FJV, em 14.09.22

A terminar o seu artigo desta semana no DN, António Araújo foi lapidar: “A Europa acabou, esmagada pela pressão demográfica e migratória do Sul, pelo poderio económico do Oriente e pela geopolítica do eixo do Pacífico. A Europa acabou. Divirtam-se nas compras de Natal.” Mesmo não sabendo como vai terminar a guerra da Ucrânia, é isso. Calhou estar a reler a monumental ‘História do Declínio e Queda do Império Romano’, de Edward Gibbon (1737-1794), que a Bookbuilders publicou na versão resumida de dois volumes (a original é de seis). A prodigiosa obra de Gibbon é também lapidar: como foi possível que o império ignorasse todos os sinais de decadência, da ameaça do cristianismo, da degradação “na moral e no governo material do mundo” e deitasse a perder “o período da História do mundo em que a condição da raça humana foi mais feliz e próspera”? A verdade é que “a corrupção dos costumes iria sempre originar aduladores, ansiosos por aplaudir, e ministros dispostos a servir o medo ou a avareza, a volúpia ou a crueldade”. Ontem como hoje, imaginamo-nos eternos e preparamos as compras de Natal.

Da coluna diária do CM.

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