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Está portanto inaugurado o outono nas letras hispânicas. A morte de Javier Marías teve, ontem, esse efeito sobre nós, seus leitores. Não só porque a morte é como é, mas porque, como escritor, teríamos muito a esperar da sua obra. Filho de Julián Marías, filósofo e académico, Javier é o mais importante escritor espanhol das últimas décadas, um raio fulminante de literatura e só literatura. Todas as Almas, Coração Tão Branco, Amanhã na Batalha Pensa em Mim, Enamoramentos, Assim Começa o Mal (todos publicados na Alfaguara) ou esse notável Berta Isla ficarão para sempre no panteão das letras espanholas. Talvez esteja a ser solene demais; num mundo de banalização da literatura, Javier Marías recusou descer os degraus da legibilidade – quando a generalidade dos autores optava por tratar ‘temas de agora’, encostando-se aos púlpitos da moral, ele prosseguia sendo escritor, se me faço entender. Por isso, os seus livros ficarão para sempre. Em Vidas Escritas, um livro sobre escritores, Marías escrevia sobre os seus pares e antepassados notáveis. Ele é um deles agora. Uma vida escrita.
Da coluna diária do CM.
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