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Antes que os sinos dobrem, falemos dos arquivos do passado, guardados em papel, gravados em pergaminho, reunidos em vastíssimos corredores que levam a outros e a outrs, sem limite – e cujo acesso está geralmente vedado. Temo-los com mil anos de idade. Com mais de dois mil, se pensarmos nas carapaças de tartaruga, nas argilas do deserto, nas pedras onde os antigos gravaram palavras para a eternidade. A eternidade é o nosso tempo. Esses arquivos são hoje impensáveis, e substituímo-los por discos de sílica e nuvens invisíveis onde pairam pedaços encriptados da nossa vida: registos, dados, factos, memórias, segredos. Não durarão tanto como as tabuinhas, as placas e os pergaminhos. São assaltados e roubados a uma velocidade estonteante, transformados em poeira e acessíveis a ladrões especializados e à revenda em corredores digitais. Agora, que a feira do livro está a terminar, penso nos livros em papel que durarão mais do que um CD ou um arquivo digital, que manterão o seu odor e que os nossos netos poderão folhear. Já os arquivos militares portugueses, ó deuses, alguém sabe onde andam?
Da coluna diária do CM.
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