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No calor da discussão sobre a bondade do “pacote” anunciado na segunda-feira fui à CMTV e, como não sou economista, lembrei apenas que as decisões do governo costumam deixar um travo amargo quando se analisam à distância de dois ou três dias. Exemplos: a meia pensão antecipada para reformados (que na verdade antecipa penalizações para depois) e as taxas de eletricidade (poupança de 1,5€, se estiver no escalão mais baixo). Ambas traziam o lastro da astúcia. O problema é que nos habituámos a que sempre exista um truque, uma bilhardice, uma maneira de contornar a realidade. Para o gosto político português, muito trafulha e bisonho, isso é uma vantagem, porque parece gostarmos de enganos, caudilhos espertos e bravatas autoritárias. Em 2017, depois dos incêndios de Pedrógão, anunciou-se a “maior reforma da floresta desde D. Dinis”; esta semana, com atraso de meses, o “maior apoio de sempre”. Durante dois dias, isto enche o olho de um país pobre, de recursos limitados, servidor e dependente, impressionável; depois, a realidade mostra o malabarismo. A verdade é que tudo tem um preço.
Da coluna diária do CM.
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