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António Lobo Antunes completou 80 anos na passada quinta-feira. A data foi comemorada: é o nosso maior escritor vivo, não uma estrela de televisão, um convidado esporádico da política, um “ativista” que empresta o seu nome ao tempo que passa. Isso só o pode fazer um escritor que vive como escritor e que afronta sem receio o estado das coisas, ou seja, isto que somos. Não precisamos de “estar de acordo”; não precisamos de ser “do mesmo grupo”, da mesma família, do mesmo conjunto de “afinidades eletivas”. António Lobo Antunes, peço desculpa pela expressão, “está-se nas tintas” – e isso é o sinal vivo de um escritor, que decide sobre o que quer escrever, como quer escrever. Os seus livros não propõem uma forma de vida, um regime político, uma moral acerca do fim do mundo – são grandes livros, escritos com aquela melancolia, contígua da tristeza, que não se confunde com nenhuma amargura, nenhum ressentimento. O meu livro preferido é O Manual dos Inquisidores (de 1996), mas podia escolher outro. Seria igualmente de difícil leitura, o que não faria Lobo Antunes facilitar coisa nenhuma.
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