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Os livros, dizia Martin Amis, têm uma perigosa vantagem: estão abertos e disponíveis 24 horas por dia. Penso nisso a propósito do seu amigo Salman Rushdie, que sobreviveu ao atentado ordenado há 33 anos. E penso também em Sayyid Ataollah Mohajerani, que foi ministro iraniano da cultura entre 1997 e 2000 e a quem se deve alguma liberalização da vida intelectual do país ou a autorização para a imprensa reformista. É um homem culto. Mas é também o autor de um livro em que defende a ‘fatwa’ do aiatola Khomeini (repetiu essa defesa há pouco tempo), que considera “uma vacina” – curiosamente, vive não num dos treze países que proibiram a edição e a leitura de Versículos Satânicos, mas em Londres, perto da casa onde Rushdie esteve escondido durante anos. No livro, Mohajerani (que foi presidente do Centro para o Diálogo entre as Civilizações) não cita apenas teologia islâmica ou a tradição do zoroastrismo (a antiga religião persa), mas também os Provérbios ou o Livro de Job da Bíblia. Nas bibliotecas vai buscar justificação para o assassínio. Os livros são uma coisa perigosa, como se vê.
Da coluna diária do CM.
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