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Não é um poeta fácil, mas seria indesculpável deixar passar em silêncio o centenário do nascimento do inglês Philip Larkin (1922-1985), um dos meus autores mais celebrados e certamente um dos poetas mais lidos ou conhecidos em Inglaterra. Associo-o quase sempre a Yeats ou W.H. Auden – dois grandes –, mas a tristeza e a melancolia de Larkin são maiores, vagueiam como uma música (foi crítico de jazz do Telegraph, e alguns dos seus textos são comoventes), importunam como a chuva num dia de outono, ou a dificuldade de encontrar uma palavra feliz para dizer entre “os jardins de sombras oblíquas” a meio da madrugada. A poesia de Larkin vagueia como um diálogo sobre a fealdade das coisas, procurando o retrato fiel, familiar, íntimo, cru, solitário, obsceno muitas vezes. Recentemente, a crítica tem sido pouco amável, descobrindo na penumbra sinais de racismo e misoginia; mas nada apaga a beleza de dois livros traduzidos em Portugal – o romance Uma Rapariga do Inverno, traduzido por Ana Maria Chaves, e a coletânea de poemas Janelas Altas, traduzida por Rui Carvalho Homem. Um dos grandes.
Da coluna diária do CM.
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