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Independentemente da tragicomédia familiar, que o pudor impede que se comente, há um grande desfile de elogios fúnebres e de discussões solenes sobre o legado de José Eduardo dos Santos. Para afastar a polémica podia dizer-se que se trata de uma personagem “boa para um romance” – a verdade é que já está em alguns, sobretudo na sua capacidade de algoz. Desde a independência, para não irmos mais além, houve vários regimes: o de Agostinho Neto até ao 27 de maio de 1977, quando se realizou a grande purga no partido do poder e se instalou em definitivo o gulag angolano; os dois tempos de José Eduardo dos Santos, que herdou o paísem desordem e instalou a sua oligarquia cleptocrata num país cheio de pobreza, derrotou a UNITA, fingiu não ser um chefe de regime de partido único, continuou a encher as prisões e a empregar bandidos arrogantes até entrar em derrocada; finalmente, o de Lourenço, que tenta uma certa normalidade, que só será conseguida quando o partido sair do poder. Em resumo é isto, com mais ou menos elegância. Dado o número de vítimas dos vários regimes, prefiro esta maneira.
Da coluna diária do CM.
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