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A violência, e sobretudo aquela que é exercida sobre os mais frágeis e desprotegidos, como as crianças e os velhos – horroriza-nos. O caso de Jéssica choca-nos e, por isso, admito que uma das reações mais naturais é a de não mostrar ou não querer ver as imagens que, durante vários dias, chegaram de Setúbal: o aparato policial, os retratos de Jéssica, a vizinhança, aquilo que o Presidente da República designou por “miséria moral”, e que não chega, ou chega raramente, às primeiras páginas dos chamados “jornais de referência”, ocupados muitas vezes com a miséria luminosa da política, da finança ou das “pessoas famosas”. É um retrato pouco atraente, que contradiz o nosso melhor espírito, cheio de fé e simpatia. Não gostamos de mostrar o mau lado nos retratos; corrigimo-lo – ou eliminamos as fotografias que não ficam bem no Instagram. Por detrás do país amável e solidário, cordial e tolerante, a natureza humana mostra-se por vezes no seu lado mais brutal. Ele sempre esteve lá, à espera – para desferir um golpe sem misericórdia. Como um arquivo da nossa história que não se pode censurar.
Da coluna diária do CM.
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