Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A cimeira dos oceanos de Lisboa não pode compreender-se sem o contexto mais vasto da crise ecológica – mais vasta do que a “emergência climática”, e que inclui alterações na saúde dos humanos e na biodiversidade da natureza, com grandes exigências na economia e nos nossos hábitos quotidianos. Porém, durante uns tempos vai ser tudo “azul”, “blue” e “oceânico” – todos marcharão em defesa dos oceanos, enviarão a mensagem de que é necessário salvá-los e os líderes políticos expiarão a sua culpa. “Eu não quero a vossa esperança. Não quero o vosso otimismo. Eu quero que entrem em pânico, que sintam o medo que me acompanha todos os dias”, dizia Greta Thunberg, convidada para falar em Davos em 2019. Precisamente, o que interessa a quem anuncia o fim do mundo, bem como aos adolescentes cheios de ansiedade e boas intenções, é ampliar a culpa – o que vai bem a Guterres como bom católico. Mas a alteração a pedir é a da nossa forma de sermos humanos, não a da nossa linguagem. Sermos mais sensatos, menos consumistas, menos radicais, mais conservadores, mais contemplativos. E menos folclóricos.
Da coluna diária do CM.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.