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Nascido há exatamente 310 anos, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi um dos mais influentes filósofos europeus – para o bem e para o mal. Primeiro, a sua “doutrina do contrato social”, da soberania da vontade popular, modelo das democracias tal como as conhecemos hoje, mas também de algumas tiranias que interpretam a “vontade geral” com rédea solta. Para Rousseau, os seres humanos são naturalmente bondosos e o germe corruptor é “a sociedade” – a proximidade ao estado natural, o do “bom selvagem”, estaria na base desta ideia de um mundo feliz, harmonioso e utopicamente devolvido ao estado natural. As implicações desta doutrina são rocambolescas, sobretudo pelas suas consequências no discurso das pedagogias modernas, a que dedica Emílio, ou Da Educação. As suas Confissões são um modelo de literatura autobiográfica, destinadas a esclarecer a sua má fama e a desmentir questões de carácter. São um colosso, para quem gosta do género lacrimal – mas são os melancólicos Devaneios do Caminhante Solitário, escritos à beira da morte, que melhor condensam a desilusão de Rousseau.
Da coluna diária do CM.
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