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Adoecer.

por FJV, em 27.06.22

Uma das vantagens de ter estado encerrado a trabalhar e isolado do mundo das notícias é que fui poupado de imediato ao horror de Setúbal (que não deixa de ser horror ao enfrentar a realidade) – e à sessão inaugural da “silly season”, a “estação tonta”, que este ano ocorreu quando a Sra. Diretora-Geral da Saúde nos recomendou que não caíssemos de cama em agosto, porque há menos médicos e abunda o bacalhau à Brás, que eu ignorava ser um dos principais pratos das merendas estivais. A cena foi penosa e os leitores, atualizados ao minuto, já a conhecem, bem como à frase do Presidente da República, que insistiu em não adoecermos porque isso nos faz mal e põe em cuidado “a saúde dos outros”. Calha bem: já tinha pensado em adoecer em agosto mas vou reservar-me para outubro. Compreendo, agradecido, a preocupação dos líderes que cuidam de nós para não recorrermos ao SNS. Durante a pandemia, estas boas almas providenciaram aconselhamento diário – e creio que se habituaram. Daí até considerarem que os portugueses (nós, pecadores) precisam de ser tratados com condescendência e meninez, é um passo.

Da coluna diária do CM.

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