Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O ano de 1842, há 160 anos, foi o da morte de Stendhal, o da anexação de Hong Kong pelo Reino Unido, o do nascimento de Mallarmé – e de Ambrose Bierce, a 24 de junho, no distante Ohio. Bierce é o autor do Dicionário do Diabo, obra-prima do cinismo contemporâneo, publicado em 1906, sete anos antes de, isolado, solitário, divorciado e deprimido, ter desaparecido para sempre no México, onde acompanhava as tropas de Pancho Villa na guerra civil. Calcula-se, portanto, que tenha morrido nesse ano de 1913. Para trás deixava uma obra de jornalista combativo, corajoso e indecente – além de muita ficção, poesia, sátira, correspondência. Um autor, portanto. Mas é o Dicionário do Diabo (há duas edições entre nós, a da Tinta da China e a da Sistema Solar) que fica na memória de um leitor não americano, um prodígio de ironia, maldade e humor negro, no qual a sua desfaçatez desmonta o significado das palavras que servem os desígnios do patriotismo como da demagogia e das vigarices e hipocrisias legalizadas. Foi um pioneiro corajoso. O Dicionário é, ainda hoje, um guia indisciplinador.
Da coluna diária do CM.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.