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A meio de uma frase amena sobre se é ou não necessário um Orçamento de Estado retificativo para 2022, o primeiro-ministro tergiversou e mencionou o tradicional pessimismo português. Esta ideia de sermos um grupo de generosos pessimistas merece discussão. O espanhol Miguel de Unamuno mencionou – com aquele ar trágico de quem nasceu em Bilbau, estudou a língua basca em Madrid e ensinou grego em Salamanca – o facto de sermos “um país de suicidas” (ele falava sobretudo de Manuel Laranjeira), mas não de pessimistas. Pelo contrário, o otimismo está nos genes portugueses. O “velho do Restelo” ficou em Belém, Vasco da Gama partiu. Os portugueses julgam-se destinados a ganhar o campeonato do mundo de futebol e, inspirados pelo Presidente da República, acreditam que são os melhores do mundo em qualquer coisa. Mesmo no fado, não há pessimismo: tudo corre de acordo com o destino, não vale a pena ser valoroso, combativo ou malandro. Elegemos Sócrates por duas vezes. Consideramos a Dra. Marta Temido a melhor ministra. É isto pessimismo? Não. Este otimismo há de acabar por dar cabo de nós.
Da coluna diária do CM.
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