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A fotografia que mostra o beijo de Marcelo Rebelo de Sousa na barriga de Marina Dias tornou-se um emblema da sua Presidência amável, popular, populista e apelando aos “sentimentos das pessoas”. As pessoas somos nós. A fotografia tem virtudes inegáveis: durante a crise das urgências de obstetrícia, o PR beija a barriga de uma mulher grávida, dando visibilidade quer à comunidade africana, o que é muito importante, quer à natalidade, quer à crise hospitalar, que é também a crise profunda do SNS (antes, o PR tinha beijado as vítimas e sobreviventes da catástrofe de Pedrógão Grande, o que foi consolador e fotogénico, mas não poupou ninguém à incúria). Agora que se livrou do seu eleitorado e não tem mais nenhum mandato pela frente, o sentimentalismo presidencial é muito útil para consolidar a imagem de Marcelo como figura apaziguadora, próxima e paternal Essa é uma parte do seu papel. Mas o sentimentalismo tem abismos negros e um deles é a irrelevância política, de que governantes menos sentimentais tiram vantagem sem graça nem pudor. Um beijinho nessa altura já não vale de grande coisa.
Da coluna diária do CM.
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