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A 17 de junho de 1922 – passam hoje cem anos – o hidroavião Santa Cruz amarou na baía da Guanabara, Rio de Janeiro. O aparelho tinha substituído o Lusitânia, com que Gago Coutinho e Sacadura Cabral tinham partido de Lisboa a 30 de março desse ano, fazendo escalas em Las Palmas e depois na Praia, Cabo Verde, antes de chegarem a 18 de de abril a território brasileiro. Há qualquer coisa de épico e luminoso na primeira travessia aérea do Atlântico Sul, e decerto que a menos importante não é ter sido feita por dois navegadores portugueses que desafiaram o perigo e correram os riscos. A história da aviação portuguesa teve heróis imprevistos e desafiantes; Gago Coutinho e Sacadura Cabral (que morreu no mar, em acidente) foram os mais conhecidos, mas há ainda Carlos Bleck, que em 1934 fez a viagem de Lisboa a Goa (José Correia Guedes tem um belo livro sobre ele). Há um tempo em que os heróis, marcados por um certo halo de barroco e loucura, desafiam as condições da sua época e não se limitam a arriscar a pele; tornam possível o que não tinha existido. É essa a sua natureza da sua vida.
Da coluna diária do CM.
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