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A propósito da guerra da Ucrânia, o papa Francisco recusa-se “à complexidade tortuosa da distinção entre bom e mau”. A frase tem sentido no conjunto das operações militares – em guerra, não há bons e maus; há apenas crueldade e destruição, trincheiras e devastação, cidades destruídas e contabilidade de vítimas. Outra coisa é considerar que a guerra e a invasão de países soberanos são direitos que assistem a países com exércitos poderosos que reclamam o território ou a eliminação de povos vizinhos. Se é assim, pode dizer-se que, depois de destruir quanto pôde e de espalhar valas comuns e cidades arrasadas à vista do Ocidente, a Rússia ganhou a guerra. É talvez por isso que uma cada vez maior percentagem de europeus “prefere” que a Ucrânia ceda território a fim de obter uma paz rápida para todos – restando-nos ficar, envergonhados e prósperos, um pouco mais adiante, “à espera dos bárbaros”. No seu célebre poema com este título, o grego Konstantinos Kaváfis lembra este incómodo europeu: “Que leis haveriam de fazer agora os senadores?/ Os bárbaros, quando vierem, ditarão as leis.”
Da coluna diária do CM.
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