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Gostamos dele, sim, sofremos por ele. É o único que temos, o país – e, no entanto, é como se sentíssemos que parte dele nos foi retirado. A transformação do 10 de Junho numa espécie de continuação de debate e do jogo político que aguarda um discurso, meia dúzia de reações, uma corrida ao comentário, deixa-nos desprotegidos, porque já ninguém acredita na dimensão simbólica da nossa pertença ou da comunidade que fomos. Portugal é hoje, felizmente para todos, um mosaico maravilhoso de europeus, africanos, americanos e asiáticos – trata-se de uma enormíssima vantagem que nos permite ler Camões (porque é o Dia de Camões e de Os Lusíadas) de outra forma, substituindo a afirmação exclusiva de uma identidade pelo alargamento plural dessa identidade. Devemos convocar todos para a nossa casa comum; não como resposta a exigências agressivas mas como proposta para impedir a exclusão ou a indiferença. Não tenho ouvido falar disto e é pena. Temo bastante que não se regresse a esse 10 de Junho simbólico e se lhe dê uma lufada de atrevimento e coisas destemidas. Que emprestem significado à vida real.
Da coluna diária do CM.
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