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Os bigodes de Lotman.

por FJV, em 03.05.22

História verdadeira: há dois meses, na Biblioteca Nacional de São Petersburgo, na Rússia, entre arquivos e estantes, foi descoberto um retrato de um cavalheiro de bigodes divertidos e farfalhudos, apesar do semblante triste. Tratava-se de Yuri Lotman (nasceu em fevereiro de 1922), pioneiro nos estudos de teoria da cultura e semiótica, que tive o prazer de estudar na universidade; a maior parte da sua vida passou-a na então república soviética da Estónia. Pobre Lotman. O controlador político da biblioteca não consultou os investigadores nem os arquivistas; resolveu que se tratava do americano Mark Twain, e ordenou que o retrato fosse retirado sob a acusação de se tratar de um “extremista e terrorista”. Pobre Mark Twain, tão atacado hoje pelos puritanos nos EUA, sob a acusação de racismo e misoginia – ele, que combateu o racismo e a misoginia com gargalhadas. O que o polícia russo não sabia é que Twain, enquanto jovem jornalista, esteve na Crimeia com o czar, cem anos depois de as tropas do marechal Potemkin terem expulso os turcos. Já o pobre Lotman foi perseguido por ser judeu.

Da coluna diária do CM.

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