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Os bens e ativos intangíveis – ou a catástrofe.

por FJV, em 29.04.22

Os bens e ativos intangíveis não me levantam suspeitas. Pura e simplesmente, por atavismo, não sei lidar com as suas oscilações de valor. Sabemos como o valor das tulipas atingiu o seu zénite por volta de 1630 nos Países Baixos – porque toda a gente queria negociar em bolbos de tulipas – e como uns anos depois isso levou à hiperinflação e já ninguém conseguia negociar títulos de tulipas ainda por florescer. Negociar em vinhos de luxo é um investimento lucrativo, li no Negócios. Daqui a dez anos, quanto custa uma determinada colheita de Petrus? Um golo de Ronaldo pode valer milhões, registado em vídeo. Uma pintura que se auto-destrói. O valor contabilístico de uma página da internet. Uma empresa que ainda não negociou nenhum valor mas está avaliada em milhões. Um nome que não vai ser usado. Uma imagem de uma gipsofila criada no cume do Gerês. Posso compreender os mecanismos que levaram a essa euforia, naturalmente – mas diante da destruição de Mariupol ou das ruínas de Karkhiv penso que teremos, em breve, sérios problemas de cotação nas bolsas. São uma promessa de catástrofe.

Da coluna diária do CM.

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