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É evidente que esperamos sempre muito mais dos discursos, mas isso está “na nossa maneira de ser”. Grandiloquência – esperamos sempre grandiloquência e, se possível, grandiosidade. Caso contrário, falham “as nossas queridas efemérides”, a do 25 de Abril, a do 10 de Junho e a do 5 de Outubro, e é só para ficarmos por aqui, porque as mensagens de Natal e do Ano Novo são sempre abafadas pelos talheres. Como não nos basta ter um Presidente da República, queremos sempre um Fernão Lopes, um Damião de Góis ou, vá lá, um Camões que até pode não vir em verso – mas que seja prosa boa para vibrar as cordas. Quarenta e oito anos depois do 25 de Abril há uma coisa que ainda não conseguimos: um certo sentido da normalidade, que é geralmente substituído pela comovida vontade de “cumprir Abril”. Não nos bastam eleições livres, um regime democrático, fronteiras abertas, descolonização e caminhar na direção da igualdade de oportunidades, coisas habituais e pilares da vida entre civilizados. Também queremos, de mão beijada, aquilo que outros países obtiveram com trabalho e sacrifício. Somos especiais.
Da coluna diária do CM.
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