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No Diário do Escritor (agora traduzido por Nina e Filipe Guerra, Relógio d’Água), escrevia Fiódor Dostoiévski: “Mais um confronto com a Europa está de novo em cima da mesa”, e “mais uma vez os europeus olham para a Rússia com desconfiança. Aliás, porque haveríamos de procurar a confiança da Europa? Será que alguma vez a Europa olhou os russos com confiança?” Estávamos em 1876, e o autor de Crime e Castigo comentava a guerra nos Balcãs contra a Turquia num fragmento em que se queixa de os russos serem vistos “como uns bárbaros que vagueiam pela Europa, muito contentes com a possibilidade de destruirmos alguma coisa em qualquer lado”. Dostoiévski é um dos sismógrafos para ler “a alma russa” (o outro seria Tolstoi, mas a sala está cheia de vozes). Enquanto neste momento se joga o destino da Rússia depois de os seus bárbaros terem andado à solta na Ucrânia, convinha que se olhasse para o futuro após Putin, que não sobreviverá muito tempo. As enormes perdas que se aproximam com o balanço dos horrores e da destruição causada são uma vingança a exigir reparação – se a Rússia sobreviver.
Da coluna diária do CM.
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