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A geopolítica dos tolos.

por FJV, em 15.03.22

Tem vindo a escapar aqui e ali a ideia fanfarrona de que um bom analista de geopolítica é quem valoriza os “interesses” em detrimento dos “valores”. A doutrina é óbvia – mas a forma como certo grupo de comentadores sorri a cada vitória ou indignidade das tropas de Putin aproxima-se do grotesco e do abjeto: preferem naturalmente o ditador e culpam a Ucrânia por não se ter rendido como devia perante a bravura máscula do ditador russo. Pode haver nisso uma fixação sexual, claro – mas não são irresponsáveis, porque eles sabem o que fazem. Uma coisa é analisar evidências (que são tristes); outra, diferente, é sofrer de desarranjo pós-estalinista ou pré-fascista e, a pretexto da sua inteligência lorpa, terem altar para desculparem a agressão russa porque a Ucrânia estava a pedi-las e Putin é um génio. Isso terá, naturalmente, repercussão na chamada “política interna”: o PCP, habituado a justificar massacres, não terá desculpa – em definitivo; do Bloco, titubeante, ninguém poderá esquecer as primeiras posições; do Chega, o retrato é claro: putinista e anti-ocidental, é um albergue de tolos.

Da coluna diária do CM.

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