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Uma coisa é um tolinho declarar-se pacifista, ter um simbolozinho hippie na mochila e um cartaz contra a guerra; outra é fingir que um estado tem o direito de invadir outro se não lhe agradam os incumbentes ou as fronteiras. Mas há que ter atenção à ideia que puseram a circular os pós-comunistas, os apócrifos betinhos de esquerda e meia-dúzia de chamborgas da extrema-direita – é a de que a Ucrânia não tinha nada que se “aproximar da Europa”, como se vivessem nos antípodas e a Rússia pós-estalinista fosse um parceiro fiável. Portanto, que a terra onde os nazis perpetraram Babi Yar e os soviéticos o Holodomor, farta de ameaças e invasões já consumadas, tenha optado por associar-se ao espaço europeu a que pertence, respeitando a lei e a liberdade, parece absurdo a estas almas mortas. O falso pacifismo, que exige a rendição da Ucrânia para satisfazer o fantasma russo, equipara a nação invadida ao estado invasor. É uma equidistância imoral, que comprova que o mal continua a ter muita saída. A opção europeia é nobre e inesperada – e vai sair-nos cara. Mas é um aviso solene contra os gangsters.
Da coluna diária do CM.
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