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Ontem, boa parte da imprensa e das pessoas bondosas e com boas intenções escandalizou-se com os números de um inquérito realizado pelo Instituto de Ciências Sociais para a Fundação Calouste Gulbenkian acerca dos hábitos culturais dos portugueses. A hipocrisia das televisões foi muito saborosa, sobretudo depois de, nos últimos anos, terem ignorado os livros na sua programação – e transformado tudo o resto numa variação de bailaricos e turismo serôdio. Lamento informar que os números não são novidade – nem mesmo a revelação de que 61% dos portugueses não leram um livro em 2020 (os dados do Eurostat desde 2010 que nos colocam em antepenúltimo lugar em matéria de leitura, apenas à frente da Roménia e da Turquia); revelam sobretudo que é necessário mudar a forma como a escola aborda a leitura depois de ter sido democratizada e tornada muito inclusiva. Com uma escola empobrecida, sem meios, burocratizada, sem incentivos, entregue aos mesmos responsáveis incultos de há vinte e trinta anos, não será possível criar novos públicos para a cultura. Por mais que “a cultura” cumpra o seu papel.
Da coluna diária do CM.
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