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Quando entrámos em modo de “navegação pandémica”, no início de 2020, várias vezes escrevi aqui sobre o horror que me causava a ideia de “interromper a política” – opção, aliás, também tomada pelo curioso Dr. Rio. Era preciso estarmos todos do mesmo lado. E estivemos, sob a batuta das televisões – que recomendavam recolhimento e recitavam sonetos sobre o dever de estar em casa (os que podiam, claro, porque havia sempre gente silenciosa a trabalhar). Pelo meio, naturalmente, “fez-se política”. Ou seja, autorizámos que as autoridades abusassem da sua autoridade, aceitámos que o Estado se transformasse num manicómio e, com sensatez e cordatamente, obedecemos. Alguém me recordou que, quando Robespierre quis reforçar o estado de Terror, durante a Revolução Francesa, usou o argumento de que o seu governo era “de saúde pública". Agora, que não há Covid, a nova justificação para “interromper a política” chama-se PRR, o plano de resiliência e recuperação. É preciso, pois, ficamos todos do mesmo lado, na fila dos fundos europeus – somos cidadãos fiéis e crentes, faremos o que for necessário.
Da coluna diária do CM.
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