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Em novembro passado escrevi aqui que estas seriam as eleições mais imprevisíveis depois das legislativas de 1976 e das constituintes de 1975. Não porque o seu resultado seja inesperado para quem julgava que a manobra de provocar eleições resultasse no reforço de uma maioria governamental – mas porque, além disso, não se esperava o estouvamento e desatino desta campanha. Nela, prometeu-se todo o género de sandices e coisas impossíveis; a mentira propagandística atingiu níveis interessantes de demência política e de improbidade moral. Sim, a história há de explicar como António Costa foi responsável pela descortesia de dividir o país em malandros e justos (uma máxima bloquista), recusando-se a dialogar, moderar ou aplainar as diferenças para que nos aproximássemos do essencial; se o faz agora, é por absoluto e desmazelado desespero, depois de o país estar de pantanas. E sim, a história há de igualmente explicar como um sobrevivente da natureza de Rui Rio se transformou num hipotético vencedor. Esta soma de mal entendidos é cómica vista de fora. Mas, cá dentro, tem um perfume de agonia.
Da coluna diária do CM.
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