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Anfiteatro Anatómico ¶ Figueiredo de Magalhães e o Escaravelho de Ouro.

por FJV, em 24.01.22

COLECÇÃO O ESCARAVELHO DE OURO - Completa - Nº 1 a Nº 40 - Bibliofeira

Estávamos em 1950 quando o editor Joaquim Figueiredo de Magalhães (1916-2008) decidiu lançar uma coleção de romances policiais, para a qual escolheu o nome “Escaravelho de Ouro”, título de um pequeno livro de Edgar Allan Poe. Foi nessa coleção fundadora – a primeira a publicar livros com capa plastificada e verniz, já agora – que se divulgaram alguns dos principais nomes do policial, de Raymond Chandler a Erle Stanley Gardner ou Dashiell Hammett e Agatha Christie. As capas eram concebidas como obras de arte, as traduções eram muito cuidadas e entregues a escritores de renome, a distribuição era de primeira ordem. Para quem vive no meio de livros e das suas histórias (a história que contam e a história da sua publicação), o caso da Escaravelho d’Ouro mostra como o nosso mundo mesmo e há motivos para termos saudades de algum tempo que ficou lá atrás. 

Para começar, cada título da série teve uma tiragem quatro vezes superior à que teria hoje. E veja-se o que inventou Figueiredo de Magalhães (que mais tarde casaria com Rosa Lobato de Faria): cada livro publicado levava três senhas, destacáveis por picotado – uma para o livreiro ou dono do quiosque ou tabacaria, que registava o nome do comprador; as outras duas para o leitor: a primeira dava acesso ao sorteio mensal de uma viagem aos locais onde se passavam as histórias; a outra permitia participar no sorteio de uma volta ao mundo com a duração de dois meses. E assim aconteceu, com leitores a viajar para Paris, Madrid, Rio de Janeiro, Zurique, Barcelona, Frankfurt, Nice, Roma ou Monte Carlo. Estávamos em 1950, repare bem – e cada livro tinha uma tiragem de 15 mil exemplares. O primeiro título foi Três Igual a Um, do belga Stanislas Andre Steeman – e quem ganhou a viagem a Londres (onde se passava o livro) foi nada mais menos do que o dono do Fontória, afamado estabelecimento noturno e cabaré lisboeta. Era em 1950.

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A linguagem ofensiva.

por FJV, em 24.01.22

Nem o grande George Orwell, o autor do romance 1984, nem Winston Smith, o personagem do livro, imaginariam que – em pleno século XXI – os estudantes universitários seriam alertados sobre “episódios” de violência e problemas de género ou sexualidade, classe, raça, abuso sexual, ideias políticas criticáveis e “linguagem ofensiva” usados pelo autor em 1949. Aconteceu agora na universidade de Northampton, como noutras já se avisaram os estudantes acerca de opiniões menos próprias que povoam as páginas de Shakespeare, Charlotte Brontë ou Dickens, para não irmos mais longe. Este mundo das universidades anglo-saxónicas envergonha a espécie humana, contrariando aquilo que sempre julgámos positivo e desejável: que a universidade não deve ser um lugar de pacificação e de concórdia, de subjugação ao pensamento político da moda (que despede professores, queima livros e proíbe ideias), mas um lugar desafiador e livre. Já faltou mais para que as escolas comecem a alertar os alunos, transformados em criancinhas, para a cenas de violência e abuso familiar em Camilo ou de perfídia sexual em Eça.

Da coluna diária do CM.

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