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Sei que já contei a história desta cena, mas peço licença para voltar lá, àquele momento em que Joan Crawford está ao piano, e se ouve a voz desolada de Peggy Lee – é o filme Johnny Guitar, de Nicholas Ray e, se me perguntassem que canções da história do cinema eu mais recordo, certamente que “Johnny Guitar” estaria entre as cinco primeiras na voz de Peggy Lee (que nasceu em 1920), tal como “Fever”, “For Every Man there’s a Wooman” (de Benny Goodman, com cuja banda trabalhou), “Golden Earrings”, “It’s All Over Now” ou ‘You Don’t Know’, que às vezes oiço em modo de repetição. Não se limitou a cantar – essas canções (que ampliaram a vida do jazz) escreveu-as mesmo. Casou quatro vezes e divorciou-se outras tantas, nunca desistiu da sua imensa graça e vontade de viver (chegou a atuar em cadeira de rodas) nem de uma sensualidade raríssima que ecoava pela sua voz, bem humorada apesar dos dramas que viveu e dissimulou. Morreu há vinte anos, em 2002, como uma grande, poderosa e melancólica voz da América que ainda é bom conhecer. A voz de Peggy a cantar “Johnny Guitar” é eterna.
Da coluna diária do CM.
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